Hermann Blumenau

Hermann Blumenau

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Hermann Blumenau
Nascimento26 de dezembro de 1819
Hasselfelde
Morte30 de outubro de 1899 (79 anos)
Braunschweig
NacionalidadeAlemanha Alemão
Hermann Bruno Otto Blumenau (Hasselfelde no Harz26 de Dezembro de 1819 — Braunschweig30 de Outubro de 1899) foi um filósofoadministrador e químico farmacêutico alemão e o fundador da cidade brasileira de Blumenau, no estado de Santa Catarina.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Ele foi o sexto filho de um inspector florestal. Entre 1836 (tinha 15 anos) e 1840 fez os estudos secundários na área da farmacêutica, com a perspectiva de estudar química na universidade.
Em 1840 e 1841 trabalhou numa farmácia em Hasselfelde. Trabalhou depois em uma farmácia em Erfurt. Conheceu ali Alexander von Humboldt e Justus von Liebig, por intermédio de conhecidos. Neste intermédio viajou a Londres, onde conheceu o Cônsul-Geral do Brasil, o Sr. Sturz. Hermann Blumenau vislumbrou então a perspectiva da emigração para o Brasil.
Voltou no entanto à Alemanha, onde se inscreveu em 1844 na Universidade de Erlangen-Nürnberg, onde cursaria química. Concluiu o doutorado em 1846.

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Viajou pela primeira vez para o Brasil em 1846, onde ficou inicialmente apenas dois anos. Retornou em 1850 fundou a colônia São Paulo de Blumenau.
Entre 1850 e 1859 trabalhou na colónia cuja licença de exploração ele obtivera.
Sobre os conflitos com os indígenas, massacrados por bugreiros durante a colonização européia:
"...só  uma medida grande e energética, uma desinfecção completa do terreno entre Itajaí Grande e o Mirim, uma destruição e aprisionamento deste bando de rapinas pode restabelecer a tranqüilidade e nos tirar deste estado lamentável."[2]
Em 1860 o regime brasileiro tomou conta do município. Hermann Blumenau tornou-se o primeiro director oficial da colônia, pago pelo estado. A população de Blumenau em 1860 seria de 947 habitantes. Blumenau cresceu, escolas e hospitais foram criados.
Os italianos que foram morar nas regiões sulinas ocupadas por imigrantes alemães vivenciaram um choque cultural. Em Blumenau, fundada por alemães em 1850, os italianos começaram a chegar 25 anos depois e eram, em sua maioria, do Tirol do Sul, região de transição entre a Itália e os Estados de língua alemã. Portanto, as rixas, que já existiam entre esses dois povos há vários séculos na Europa, foram transportadas para o Brasil.[3] Embora o fundador da cidade, o dr. Hermann Blumenau, pretendesse uma colônia formada apenas por alemães, na década de 1870, cada vez menos imigrantes chegavam da Alemanha, o que acarretou em falta de trabalhadores. Assim, mesmo a contragosto, o dr. Blumenau decidiu atrair italianos para a sua colônia. Os atritos logo apareceram, pois os italianos eram quase todos católicos, enquanto muitos dos alemães de Blumenau eram luteranos. Além do mais, os italianos foram assentados em lotes periféricos e montanhosos, enquanto os alemães ocupavam as melhores terras. Em uma correspondência, o dr. Blumenau chamava os italianos de "incorrigíveis vagabundos", enquanto em outra, para o presidente da província, escreveu: "são especialmente a malfadada imigração tyrolez e italiana, suas constantes travessuras, impertinentes e exageradas exigências, ameaças e até delitos e crimes, que não nos deixam, e especialmente a mim, descanso de espírito". O modo como os italianos incorporavam o trabalho na vida cotidiana era muito diferente do modo alemão, o que fazia com que eles fossem tachados de vagabundos e preguiçosos ou mesmo bêbados, já que o hábito de tomar vinho foi substituído pela cachaça. Assim, os alemães culpavam os italianos pelo atraso de todas as obras públicas da colônia.[4]
Em 1880 seriam já 15 000, na maioria de origem alemã.
Em 1884 Hermann Blumenau regressou para a Alemanha, sem levar grandes posses.

Regresso à Alemanha[editar | editar código-fonte]

Sepultura de Hermann Blumenau no Hauptfriedhof Braunschweig
Após o seu regresso à Alemanha, viveu em Braunschweig, no actual estado alemão da Baixa Saxônia, com a mulher com quem casara em 1867 e os seus três filhos, que estudaram na Alemanha. Ele morreu em Braunschweig, em 30 de Outubro de 1899. Sua sepultura está no cemitério central (Hauptfriedhof) de Braunschweig, Helmstedter Straße 38.
Seus restos mortais, bem como os de sua esposa, foram transladados para Blumenau, onde repousam no mausoléu construído especialmente para esta finalidade.

Legado[editar | editar código-fonte]

A cidade que fundou e que leva o seu nome tem cerca de 310 000 habitantes em 2012. É uma cidade que possui um alto IDH, dentre os melhores do Brasil, com forte indústria têxtil e eletroeletrônica. A cultura alemã foi preservada. Escolas alemãs, igrejas - católicas e luteranas - e mesmo festividades típicas da Alemanha (festa da cerveja, por exemplo, a Oktoberfest de Blumenau) prevalecem ainda hoje.

Referências

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